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Amapá vive o caos e a culpa é a privatização

Não é novidade que, assim como a Petrobrás, a Eletrobrás está na alça de mira dos golpistas, para ser privatizada. Ela começou a ser fatiada e entregue já durante o governo golpista de Temer (2016-2018). Atualmente um projeto de lei para sua privatização está parado no Congresso em função da pandemia e da resistência dos parlamentares do estado e da região. O acontecido no Amapá certamente irá atrapalhar os planos de Paulo Guedes, de entregar a Eletrobrás na bacia das almas. O que está acontecendo no Amapá é um exemplo didático do significado da privatização do setor. É um exemplo prático recente do que tem sido a privatização historicamente no Brasil: descaso com a população, falta de investimentos e manutenção, e piora nos serviços.

A privatização do setor elétrico no Brasil sempre rimou com apagão. No início dos anos 2000, no Governo Fernando Henrique Cardoso, que patrocinou a chamada “privataria tucana”, o país sofreu um problema imenso de apagão de energia por falta de investimentos. As empresas que compraram os ativos não investiram, e as empresas públicas foram proibidas de investir. A maioria das pessoas não sabe, mas o setor elétrico brasileiro já é majoritariamente privado. A grande maioria das distribuidoras de energia elétrica no Brasil já é privada. Entre mais de 50 distribuidoras, somente seis são estatais. No sistema de geração de energia, 61% já é privado, na transmissão cerca de 40% também é privado.

Uma empresa privada, isolada, para ganhar a concorrência de exploração da região, muitas vezes tem que fazer proposta financeira irrealista para levar a concessão. Ganha a concorrência, mas não consegue suprir o atendimento com qualidade, não faz manutenção para economizar e garantir margens de lucros. Além disso, super explora os trabalhadores com equipes mínimas e salários miseráveis. Mantém, além disso, equipamentos velhos e estragados como constatado agora no caso do Amapá.

Energia elétrica não é um produto qualquer. Um dos fundamentos da sustentabilidade econômica de um país é a sua capacidade de prover logística e energia para o desenvolvimento de sua produção, com segurança e em condições competitivas e ambientalmente sustentáveis. Sem energia, não existe nação. Não é por caso que os golpes de Estado na América Latina têm sido perpetrados também para apropriação das fontes de matérias-primas, como no Brasil (petróleo) e mais recentemente, Bolívia, cuja motivação central (do aspecto de matérias-primas) foram as imensas reservas de Lítio.

Há 20 dias às escuras, o Amapá é retrato de má gestão privada de energia. É graças a subsidiária Eletronorte, da estatal Eletrobrás, que se mantém o que ainda resta de eletricidade nos municípios. Além disso, gere 52% de toda água armazenada no Brasil. Sua defesa é estratégica e urgente. Privatizar faz mal ao Brasil.