Prestes de completar 90 anos, recebemos a triste notícia do falecimento do petroleiro anistiado, um dos primeiros dirigentes fundadores do nosso sindicato, Dinarco Reis Filho. Com idade avançada e padecendo de enfermidades, filho do Tenente comunista Dinarco Reis e militante comunista até seus últimos dias, Dinarquinho nos deixou na manhã deste domingo, 31 de julho de 2022. Entenda por que ele deve ser sempre muito homenageado pela nossa categoria.
Dinarco Reis Filho nasceu em 14 de novembro de 1932, no bairro de Realengo, na Travessa Rodrigues Marques, filho do tenente de aviação militar Dinarco Reis e de Lygia França Reis. Seu pai participou do Levante Comunista de 1935, tendo ficado conhecido como o Tenente Vermelho.
Em 1951, já integrando o PCB, participou das campanhas do movimento “O Petróleo é Nosso!” e em 1959 foi admitido na Petrobrás, através de concurso público. No mesmo ano, acompanhou, em Niterói, a Revolta das Barcas, importante rebelião popular contra a privatização, os altos preços e péssimos serviços prestados pela empresa.
Trabalhou na REDUC quando fez parte da fundação do Sindipetro Caxias, há 60 anos. Por perseguição política, foi transferido para a Fábrica de Borracha Sintética (Fabor), no setor de manutenção da sessão de instrumentação, onde foi secretário geral do Comitê da Fabor e da direção nacional dos petroleiros do PCB. Dinarco participou da resistência à ditadura empresarial-militar em 1964, na Petrobrás, conforme relata em entrevista de 2015 ao Núcleo Piratininga de Comunicação:
“Estávamos trabalhando quando soubemos do levante armado. Imediatamente fizemos uma reunião do Comitê e entramos em contato com a REDUC. Eles já tinham se comunicado com o partido no Rio e a orientação era entrar em greve, o que foi feito imediatamente, paramos a fábrica e entramos em greve. Tentando nos preparar para a defesa armada, o pessoal da REDUC foi procurar apoio e armas no corpo de fuzileiros navais, que ficava perto de Caxias e era comandada pelo Almirante Aragão e nós fomos até o Sindicato dos Operários Navais, em Niterói, pois diziam que eles tinham armas. Mas quando lá chegamos, vimos que as armas estavam nas mãos das tropas e estavam prendendo os dirigentes sindicais.”.
Veja a entrevista na íntegra:
Após a ser demitido da fábrica, durante a ditadura, viveu na clandestinidade em São Paulo. Como petroleiro anistiado, também foi diretor da Associação dos Anistiados da Petrobrás (Conape).
A Fabor, fábrica em que trabalhou, se transformou logo em seguida em um centro de tortura da ditadura, onde durante anos serviu de prisão e centro de tortura de dirigentes sindicais da REDUC.
O Sindipetro Caxias se soma àqueles que se encontram consternados com a perda do petroleiro e sindicalista Dinarco Reis Filho. Dinarco foi daquelas figuras imprescindíveis. Era conhecido por travar árduas lutas sem jamais perder a ternura e o companheirismo com quem conviveu. As diversas gerações de militantes que o conheceram agradecem pelos exemplos e frutos de sua luta. Dinarco fez a história e semeou o futuro.