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A velha desculpa da corrupção para justificar entreguismo, incompetência e irresponsabilidade

No Dia Internacional de Combate à Corrupção, o presidente da Petrobrás, Castello Branco, pediu desculpas aos petroleiros e petroleiras que foram perseguidos e acusados injustamente pela inquisição da Lava Jato.  Ele também levantou suspeitas sobre as perdas financeiras de R$ 6,2 bilhões decorrentes de corrupção que foram registradas em 2015 no balanço da empresa.

Sua declaração desastrosa e irresponsável de que o valor registrado em balanço teria sido subestimado alimenta a falácia de que a corrupção é uma herança maldita e fortalece os ataques contra a Petrobrás. Os R$ 6,2 bilhões a que Castello Branco se refere representam 0,05% do faturamento da estatal entre 2004 e 2014, período em que foram auditadas as supostas perdas por corrupção. Ao longo desse período, a empresa faturou em média R$ 300 bilhões por ano, o que equivale a 3 trilhões de reais em dez anos.

A corrupção não é prática justificável em nenhuma empresa, seja ela pública ou privada, e precisa ser combatida com políticas de gestão responsáveis. Não foi esse o caminho adotado pelas administrações Pedro Parente e Castello Branco, que usaram a corrupção como cortina de fumaça para promover o maior desmonte já visto na indústria petrolífera.

Corrupção não pode ser desculpa para privatizar

De todo o patrimônio estatal privatizado no Brasil nos últimos cinco anos, cerca de 50% pertenciam à Petrobrás. Até o terceiro trimestre deste ano, já haviam sido vendidos R$ 149 bilhões em ativos, com prejuízos incalculáveis e muito além dos valores negociados.

Castello Branco acelerou o desmonte iniciado pelo seu sucessor, Pedro Parente, e está entregando de mão beijada às multinacionais investimentos de mais de seis décadas que o Estado fez na Petrobras. Investimentos que garantiram ao povo brasileiro independência energética, uma indústria nacional pujante, através do desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de óleo e gás, e a descoberta do Pré-Sal, que colocou o nosso país no centro decisivo do mundo.

Em uma gestão Castello Branco, o Pré-Sal, que hoje sustenta a Petrobrás, jamais seria descoberto.  

Corrupção não é permissão para incompetência

Na contramão das grandes empresas petrolíferas, Castello Branco está reduzindo a Petrobrás a uma empresa exportadora de óleo cru. É o único gestor do setor que tem como plano de negócios transferir ativos para a concorrência, entregando junto tecnologia de ponta e a liderança de um dos maiores mercados de consumidores de combustíveis do planeta, como aconteceu recentemente, após a privatização das distribuidoras BR e Liquigás.

É contra a estatização, mas fortalece as empresas estatais estrangeiras com os ativos da Petrobrás. É contra a integração, mas abre mão do mercado brasileiro para empresas estrangeiras integradas. É contra monopólios, mas cria espaço para oligopólios estrangeiros. 

Corrupção não justifica o desmonte da economia e o desemprego recorde

A destruição da cadeia produtiva de óleo e gás promovida pelos ultraliberais que saqueiam o Brasil é um dos principais motivos pelos quais a economia do país segue estagnada. A Petrobrás, que era uma das locomotivas do desenvolvimento nacional, reduziu em mais de 50% os investimentos no país. Os R$ 104,4 bilhões investidos pela empresa em 2013 foram reduzidos a R$ 49,3 bilhões, em 2018. Uma queda de 53%.

Sem os investimentos da Petrobrás, o setor deixou de gerar mais de R$ 100 bilhões para o PIB nesse período. Como consequência, 2,5 milhões de postos de trabalho foram fechados, o que representa 19% da atual taxa de desemprego.  

Cada R$ 1 bilhão que a Petrobrás investe em exploração e produção de petróleo gera R$ 1,28 bilhão para o PIB e 26.319 empregos.  Cada R$ 1 bilhão que a Petrobrás investe em refino gera R$ 1,27 bilhão para o PIB e 32.348 ocupações.

Pedir desculpas não muda a realidade dos fatos

O entreguismo, a incompetência e a irresponsabilidade da gestão Castello Branco não têm desculpas. Hoje ele tenta justificar a caça às bruxas contra os trabalhadores da Petrobrás que foram acusados injustamente de corrupção. 

Será que vai se desculpar pelos R$ 535 bilhões que foram transferidos da empresa para o setor financeiro ao longo dos últimos quatro anos?

Vai pedir desculpas às mais de dois milhões de famílias que sofrem na pele o desemprego causado pela destruição da cadeia produtiva do setor de óleo e gás no país?  

De que irão valer essas desculpas quando não restar uma só gota de petróleo sob o controle do Estado brasileiro?

[Por José Maria Rangel, coordenador da Federação Única dos Petroleiros ]

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