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Aumento da produção sustenta alta no lucro da Petrobras

Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

Artigo do economista Eric Gil Dantas, do Ibeps, analisa o desempenho financeiro da Petrobras no terceiro trimestre de 2025, quando a estatal registrou lucro líquido de R$ 32,7 bilhões, com, uma alta de 23% em relação ao trimestre anterior, impulsionado principalmente pelo aumento da produção de petróleo, gás e derivados. O texto destaca o recorde histórico de produção, o crescimento das vendas, especialmente de diesel, e o avanço dos investimentos. Da mesma forma, Dantas alerta para o aumento do endividamento e faz uma crítica à política de dividendos elevados. Segundo o autor, os resultados demonstram que a força da Petrobras está na expansão e no investimento produtivo, e não em cortes ou restrições. LEIA O ARTIGO COMPLETO:

A Petrobras anunciou na noite de ontem, 6, o seu resultado para o 3º trimestre de 2025. A estatal obteve um lucro líquido de R$ 32,7 bilhões entre julho e outubro, crescimento de 23% em relação aos R$ 26,6 bilhões do segundo trimestre e estável em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (+0,5%). Já o lucro líquido sem eventos exclusivos – que mostra um resultado mais fiel à realidade – foi de R$ 28,5 bilhões (também 23% superior ao trimestre passado). Esta alta veio principalmente via aumento de produção de petróleo, gás e derivados.

As receitas de vendas da companhia cresceram 7,4% em relação ao trimestre anterior, mesmo com a queda de 2% do brent em R$ e da queda de 2% no Preço derivados básicos – Mercado interno (R$/bbl). 

A produção total de petróleo e gás da Petrobras atingiu seu recorde no 3º trimestre, com 3,144 Mboed. Foi um crescimento muito robusto: 17% em relação ao mesmo período do ano anterior e 8% em relação ao trimestre passado. Isso se deu principalmente pelo atingimento do topo de produção do FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, e pelo aumento da capacidade de produção do FPSO Marechal Duque de Caxias, no campo de Mero.

Nos derivados também houve crescimento de produção e de vendas. No 3tri a estatal vendeu 5,3% a mais de derivados em relação ao trimestre anterior e 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O grande destaque é para o diesel, que representa 45% das receitas de derivados, com crescimento de 12% e 6,4%, respectivamente. O fator de utilização também subiu, chegando a 94% no trimestre – 3 p.p. a mais do que no trimestre anterior, mas inferior aos 95% do 3tri/24. Este patamar foi alcançado mesmo com as paradas programas em andamento da RPBC e da REVAP.

Um destaque positivo aqui é o aumento da produção de GLP do Complexo de Energias Boaventura. Apesar do impacto pequeno nos números da empresa, o início do aproveitamento do gás natural vindo do Pré-sal é uma notícia muito boa para o país, que deve eliminar sua dependência externa do GLP em breve.

Este aumento de produção e venda gerou um EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 64 bilhões, aumento de 22,3% em relação ao trimestre anterior e estável (+0,4%) em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Já o Fluxo de Caixa Livre (dinheiro que sobra das atividades operacionais após a empresa pagar todas as despesas operacionais) foi de R$ 27 bilhões – 40% maior do que no trimestre anterior e 29% menor do que no mesmo trimestre de 2024. É daqui que sai o pagamento de dividendos, segundo a política da companhia (dividendos = 45% x Fluxo de Caixa Livre). O que resultou em uma determinação de pagamento de R$ 12,2 bilhões em dividendos para acionistas para estes três meses.

Os investimentos seguiram em ascensão, atingindo US$ 5,5 bilhões no trimestre e acumulando US$ 14 bilhões dos nove meses do ano, 29% maior do que de janeiro a setembro de 2024, 85% disto para E&P (Búzios, Sépia 2 e Atapu, Revitalização de Marlim 1 e 2, Parque das Baleias e Mero 4). Mas também com aumento no investimento do Refino em 20,5% (2º trem da RNEST e Boaventura).

Por outro lado, o endividamento também vem subindo. A dívida líquida cresceu US$ 7 bilhões desde o fim de 2024. Isto indica que a política de dividendos excessivos foi totalmente contraproducente e aumentou, sem necessidade, a dívida da empresa. Ao invés de investir dinheiro próprio, preferiu pagar quantias extravagantes de dividendos (inclusive dividendos extraordinários) e buscar financiamento externo. Apesar dos dividendos extraordinários terem terminado, por ora, a política de 45% do fluxo de caixa livre segue em pé e prejudica a capacidade de investimentos da companhia.

Em síntese, os números mostram a resiliência da Petrobras em um cenário de brent na casa dos US$ 60, muito mais desafiador do que o cenário entre 2021-2024 quando o brent ficou em média a US$ 84. Também prova que essa resiliência não se sustenta no enxugamento da empresa ou em cortes, pelo contrário, o resultado disto vem de volumosos investimentos e expansão de sua atividade (o Pré-sal já havia sido prova disto), possibilitando recordes de produção e puxando as receitas para cima.

Em tempos de ACT e discursos de “apertar os cintos” por parte da direção da empresa, o resultado do 3º trimestre de 2025 aponta que o caminho é justamente o oposto. Quanto maior a Petrobras, maior será a sua resiliência e maiores serão os seus resultados.

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