Sob o comando do governo Jair Bolsonaro, a Petrobrás escondeu do mercado vazamentos de petróleo em plataformas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A empresa também reportou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) volumes de óleo vazados bem abaixo da quantidade que realmente teria sido despejada no mar.
Segundo reportagem do O Globo, o Ibama apontou falhas na contenção de um vazamento de óleo na plataforma P-53, localizada na região de Arraial do Cabo (RJ), e também na plataforma P-58, na costa do Espírito Santo.
O Ibama afirma que nas duas ocorrências havia condições para o recolhimento do óleo derramado, o que não teria acontecido. As falhas foram omitidas. Nos últimos dias, o corpo técnico do órgão comunicou o que ocorreu ao Ministério do Meio Ambente (MMA).
Segundo o que foi reportado pelo Ibama ao ministério, um vazamento de petróleo ocorreu na P-53 em 25 de março deste ano. Inicialmente, o volume vazado reportado pela estatal foi de 1,7 mil litros. Depois, o volume calculado chegou a 122 mil litros, segundo informações do Ibama.
Nos últimos dias, o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Ricardo Salles, começou a preparar uma política de flexibilização das regras ambientais, adotando a proposta elaborada pela indústria do petróleo (IBP) como referência para afrouxar o controle de derramamentos de óleo no mar, na contramão das orientações do Instituto Ibama.
Um relatório de investigação sobre o vazamento na P-53 registra que a ação de contenção e recolhimento de óleo só foi colocada em prática pela Petrobrás dois dias depois do acidente.
Neste caso, nenhum comunicado ao mercado foi feito pela Petrobras. A estatal de capital aberto precisa comunicar seus acionistas sobre fatos relevantes, bem como a companhia fez no acidente envolvendo a plataforma P-58, no Espírito Santo.
O comunicado foi divulgado no mesmo dia, com informação de que o volume vazado era estimado inicialmente em 188 mil litros.
O vazamento na P-58, em 23 de fevereiro deste ano, gerou uma mancha de petróleo que se estendeu por 2,4 quilômetros. A Petrobras chegou a informar que não houve recolhimento do petróleo vazado, que teria se evaporado.
Tudo isso vem à tona em meio ao desmonte da política ambiental promovida pelo governo que agravou a situação dos incêndios florestais que atingem a Amazônia há 20 dias e provocaram uma forte reação da comunidade internacional.
[FUP]