O Sindipetro esteve presente em alguns espaços e fóruns de discussão nas últimas semanas para tratar de temas trazidos pela categoria de Caxias
Alimentação: sabemos da insustentabilidade das condições da alimentação da REDUC. É um escárnio a Petrobrás anunciar R$106 bilhões de lucro e oferecer a alimentação que a categoria tem recebido. Esta situação já foi colocada na reunião de SMS local, para as gerências de Compartilhado, RH, SMS, Geral e de Relações Sindicais na sede da Cia. Também tem sido insistentemente tratada nas reuniões da CIPA, incluindo a última, realizada em 23/06, onde a Saúde Ocupacional reconheceu os impactos dessa alimentação na qualidade e vida de trabalhadores/as de Caxias. Diante da falta de soluções, a direção do Sindipetro irá subir ainda mais o tom e recorrer a todos os órgãos necessários para devolver a dignidade à nossa mesa, dos/as trabalhadores/as próprios/as e terceirizados/as de Caxias.
Acidentes: seguimos assistindo à ocorrência de diversos acidentes na REDUC e, agora, na UTE, onde, durante um trabalho de solda, centelhas alcançaram os filtros de papel do sistema de geração de energia, causando um incêndio que pôde ser percebido a grandes distâncias. No entanto, foi rapidamente debelado pela brigada e pelo consumo dos filtros. O Sindipetro Caxias estará presente na reunião da CIPA, como sempre tem feito, e acompanhará as análises desta ocorrência. Já na REDUC, as paradas seguem sendo um ponto crítico, dessa vez com duas ocorrências de alta relevância. Um trabalhador teve sérias lacerações na mão, perdendo parte dos dedos ao ter contato com a hélice do compressor de campo em operação ao tentar recuperar a tampa do tanque de combustível do equipamento que caiu no seu interior durante abastecimento. Outro, ao tentar acertar a posição de uma suportação com andaime com uso de tirfor, recebeu uma pancada da parte tensionada contra a cabeça, tendo seu capacete quebrado e sofrendo um corte na lateral do crânio.
Assédio e Subnotificação: esta última ocorrência é em especial mais grave pois, apesar do alto potencial de ter levado o trabalhador à morte não fosse o uso do EPI, de ter causado lesão na cabeça do operário, encaminhado para atendimento externo, sequer teve abertura de CAT, sendo caracterizada como atendimento médico sem lesão e tendo o trabalhador retornado ao serviço no mesmo dia. A ocorrência foi apresentada na reunião da CIPA dia 23/06 e esta situação foi refutada de pronto pelos cipistas e pela direção sindical presentes. Foi encaminhado que a Petrobrás reveja toda esta caracterização, abra CAT, estabeleça GT e reavalie a condição do operário. Esta foi uma clara prática de subnotificação de acidente dada a alegação de inexistência de lesão mesmo diante de um ferimento aberto na cabeça do trabalhador. A Petrobrás é responsável pela saúde e a vida das pessoas intra e extramuros. É inaceitável o recado dado com esta ocorrência. É inaceitável que, apesar das frases de efeito, na prática, os índices estejam acima do bem-estar. Sabemos do constante assédio sofrido por empregados/as, próprios/as e, principalmente, terceirizados/as, em especial nas paradas de manutenção, e não podemos aceitar que a segurança seja preterida pelos bônus e premiações, pelos prazos e entregas, pela brutal extração da mais valia destas empresas contratadas. A ausência de efetivo de fiscalização e operacional associada à inerente precarização da terceirização tem tornado as condições de trabalho destes profissionais insustentável. Já houve uma morte este ano na REDUC. Quantas mais ocorrerão até isso parar?
Punições: não bastando os acidentes, a REDUC ainda tem aplicado o sistema de consequências. Após duas ocorrências em trânsito, a gestão decidiu por punir os condutores dos veículos, ambos técnicos de operação da TEU/MC. Somos radicalmente contra a punição destes e de quaisquer trabalhadores que se acidentem no exercício da sua profissão. Sabemos que os acidentes ocorrem fundamentalmente por falhas de processos e sistemas organizacionais e que a classe trabalhadora é a vítima imediata destas ocorrências. Não podemos permitir que estes trabalhadores sejam vítimas duas vezes, uma enquanto acidentados, outra no registro profissional. Cabe ressaltar que nem o sindicato nem a CIPA foram convocados para a análise destas ocorrências e que lutaremos até o fim pela reversão desta decisão que tende a agravar as consequências psicológicas para os acidentados e não cumpre qualquer papel educativo ou na construção de valor ou cultura em SMS, mas apenas no da culpabilidade dos trabalhadores pelos acidentes.