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Cinco anos sem o petroleiro Luiz Cabral

No dia 31 de janeiro de 2016 houve um assassinato na REDUC: Luiz Augusto Cabral, Técnico de Operação, foi morto. Mais uma vítima da má gestão e da necropolítica que comanda a companhia.

Ele caiu dentro de um tanque com óleo a uma temperatura de mais de 80 graus enquanto fazia uma medição de rotina. Morreu cozido vivo enquanto trabalhava, num domingo à noite.

Foram necessários dois dias e a ação do Sindipetro Caxias para que o seu corpo fosse encontrado, após o esvaziamento do tanque. Foram anos para que, após uma longa e torturante batalha judicial, a Justiça – em 1ª instância – finalmente responsabilizasse a Petrobrás pela morte de Cabral.

Para a sentença, a juíza utilizou os estudos fornecidos pelo Sindipetro Caxias sobre a insegurança dentro da refinaria. Em seu fundamento aparecem grifados fatores de risco como a corrosão presente no teto do tanque e outras falhas de segurança:

“O acúmulo de recomendações de inspeção sem atendimento estava colocando em risco não apenas o TQ-7510, como os demais tanques da REDUC” – grifei); (iv) falha de monitoramento da corrosão – atraso na execução da inspeção (…) as provas colhidas nos autos demonstram, inequivocamente, a responsabilidade da ré pelo acidente que causou a morte do genitor do autor, revelando o descumprimento de normas de segurança essenciais na prevenção do evento danoso”.

Reafirmando a lógica do lucro a qualquer custo, que contaminou a direção da empresa há anos, a assessoria jurídica da Petrobrás tentou responsabilizar o trabalhador por sua própria morte, afirmando que desconhecia o que Cabral fazia no teto do tanque, desqualificando um operador reconhecidamente experiente, que era referência em sua área.

Mesmo com a suspensão da certificação do SPIE (Serviço próprio de inspeção de equipamentos) da REDUC após a tragédia com Cabral, a gerência da refinaria não se movimentou para resolver quaisquer questões de manutenção -que impactam diretamente na segurança e na vida dos trabalhadores e trabalhadoras – e nestes cinco anos, por sorte, não morreu mais nenhum(a) empregado(a). Todavia, as vidas de todos e todas continuam em perigo.

O incêndio de grandes proporções que ocorreu na U-1210, em junho de 2020, é mais uma prova deste descaso. Ocorreu também por falta de gestão sobre a integridade de um equipamento, ou seja: por corrosão. Foram mais de 35 anos sem qualquer manutenção naquela linha, até que ela explodiu. Por pura sorte, ninguém ficou ferido.

A empresa não aprende nada com os acidentes e não se preocupa conosco. Muito pelo contrário: tenta calar a nossa voz quando denunciamos os acidentes e as péssimas condições de trabalho a que estamos expostos. O diretor Luciano Santos, secretário geral do Sindipetro Caxias, por exemplo, foi punido no exercício de sua função de dirigente sindical quando fez a denúncia do acidente da U-1210 para o jornal O Globo no ano passado.

O trabalho do Sindipetro Caxias junto à mídia e aos órgão fiscalizadores é essencial para que os trabalhadores não sofram as consequências do descaso desta gerência assassina. Não podemos contar com a sorte quando o assunto são as nossas vidas! Denuncie qualquer irregularidade ao seu sindicato.

Cabral presente!

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