O maior acidente relatado na história da Refinaria de Duque de Caxias ficou conhecido como “o fim do mundo”. Na madrugada do dia 30 de março de 1972, três tanques esferas de gás liquefeito de petróleo (GLP) explodiram, devido a um vazamento de gás, deixando 42 trabalhadores mortos e 40 feridos. Com a força da explosão, uma parte de uma das esferas com 25 metros de diâmetro foi arremessada a mais de um quilômetro, sendo encontrada no bairro de Campos Elíseos.
Chapas metálicas de três toneladas foram atiradas a distância e petroleiros foram jogados ao chão com o deslocamento de ar da primeira explosão, enquanto outros eram inteiramente envolvidos pelas chamas, ficando com as roupas queimadas e perdendo os sentidos. Uma verdadeira noite dos horrores.
De acordo com relatos dos médicos da época, era tanta dor que os sobreviventes pediam para serem mortos. As chamas alcançaram mais de 300 metros de altura. E a temperatura na refinaria passava dos 100ºC. De acordo com o jornal da época, os trabalhadores feridos jamais voltariam a ser os mesmos: “depois que as partes queimadas cicatrizarem, estes homens serão submetidos a banhos esterilizantes, a balneoterapia em tanques de Hubbard, a exercícios de realização e cirurgias plásticas, nas quais serão utilizados enxertos de pele do próprio doente e de outras pessoas. Ficarão 60 dias hospitalizados e passarão por um tratamento de recuperação de cerca 120 dias, dependendo do caso.
A reabilitação física não vai ser suficiente para que eles voltem a ter uma vida normal. Será preciso um longo tratamento psicológico”. Novamente estamos caminhando para um acidente de grandes proporções. A REDUC, em 2016 perdeu o SPIE devido a falta de manutenção correta nos equipamentos e fraudes em documentos, o que levou a morte de um trabalhador. Em 2019, a Refinaria de Paulinea, em SP, sofreu um incêndio de grande porte onde por milagre não teve vítimas. Para o diretor do sindicato Simão Zanardi, estes tipos de acidentes são consequência da redução de mão de obra e falta de investimento em equipamentos. “A Petrobrás fez dois PIDVs nos últimos 5 anos retirando mais de 20 mil trabalhadores da área e não fez concurso público para repor esse efetivo.
E ainda fez um estudo para reduzir o número mínimo de segurança operacional. Com isso, todas as refinarias passaram a operar em condições de risco”. A direção do Sindipetro Caxias realiza um trabalho diário de fiscalização e cobrança das condições de trabalho. Todo petroleiro tem o direito de voltar pra sua casa no final do expediente. Basta de acidentes.
Não coloque sua vida em risco, utilize seu direito de recusa.