Uma equipe do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), responsável pela auditoria do Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos (SPIE), que fornece certificação de segurança a unidades da Petrobrás, fez uma visita às instalações da Reduc, em Duque de Caxias (RJ). O grupo verificou algumas denúncias de falta de manutenção preventiva e o baixo efetivo de pessoal na refinaria, que colocaria em risco a segurança operacional e a integridade física e mental de seus trabalhadores, com jornadas extras e sobrecarga de trabalho. Esta ação se deu depois de sete diferentes tipos de acidentes e incidentes no primeiro semestre deste ano. O Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro-Caxias), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), acompanhou a visita e denuncia a falta de manutenção preventiva e o baixo efetivo de pessoal na refinaria.
O sindicato diz que um incêndio na Unidade de Craqueamento Catalítico Fluido, no dia 12 deste mês, foi provocado por vazamento de combustível em uma linha de aço carbono furada: “No mesmo dia, a unidade de lubrificantes foi reparada de improviso, com a utilização de chaves de válvulas como travas de segurança para a parada de bombas.” Estas e outras informações foram denunciadas ao Ministério Público do Trabalho (MPT), ao Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest) e à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) pelo Sindipetro-Caxias, que cobra da gestão da Petrobrás a abertura de investigações, com a participação de representantes do sindicato.
A FUP informa que a auditoria do IBP vem sendo feita desde 2016, quando um grave acidente provocou a morte de um trabalhador da Reduc, conforme diz o coordenador do Sindipetro-Caxias, Luciano Santos: “No final de 2019, a Reduc obteve a certificação, mas de forma cautelar. Desde então, a refinaria vive numa corda bamba de permanecer ou não com esse certificado de segurança, por conta de diversas irregularidades. Um exemplo ocorreu em 2020, quando um incêndio na U-1210 quase matou dois trabalhadores. Fizemos a denúncia, e em vez de investigar o problema, a gestão da Petrobrás me puniu com 10 dias de suspensão por ter levado a informação à imprensa”. O Sindipetro diz que os trabalhadores do turno, por vezes, trabalham 24 horas seguidas. Isto seria o dobro das 12 horas por turno determinadas pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), devido à falta de profissionais para a rendição. “Além disso, a Reduc tem operado com efetivo abaixo do número mínimo de empregados necessário à segurança das unidades industriais.” Os setores mais atingidos pelo baixo efetivo são os de combustível, transferência e estocagem de lubrificante e combustível (TE/MC), lubrificantes e parafinas, energia, água e efluentes, saúde ocupacional e segurança industrial (SMS/SI).
O petroleiros listaram os incidentes que aconteceram apenas nos primeiros seis meses deste ano. Em março, aconteceu um vazamento de vapor de alta pressão multidirecional na parcializadora do compressor C-5302, da U-1530 (desparafinação do óleo). Já em abril, foram duas ocorrências: vazamento de vapor na turbina do compressor C-450001, da HDS (hidrodessulfurização) e vazamento do tanque de armazenamento de solvente (MIBC) TQ-6303, da U-1630 (desoleificação da parafina). No mês de maio, na U-1640 (hidrogenação de parafinas), alguns medidores indicam anormalidade no forno (H-6401), com possível obstrução e riscos de rompimento de tubulações e explosões. Em junho, a U-2200 (setor TM – Termelétrica) parou em emergência à noite, por falta de água de caldeira (SG-2002), o que paralisou também diversas outras unidades por falta de energia elétrica.
Além disso, houve emissão de fumaça preta, devido à queima incompleta nos flares (tochas), que fazem parte do sistema de segurança da Reduc. Ainda em junho, outras duas ocorrências: incêndio na U-1250 (Unidade de Fracionamento e Craqueamento Catalítico), por vazamento de produto a 250°C em uma linha de 3”; e a ocorrência de fogo em bomba de diesel pesado, na U-1710 (destilação atmosférica/vácuo no setor de lubrificantes). Até agora, Petrobrás não se pronunciou.No início da noite, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) divulgou uma nota afirmando que segue regras do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, de acordo com as exigências e normas ABNT auditadas pelo INMETRO, que garantem confidencialidade para as Auditorias de SPIE (Serviços Próprios de Inspeção de Equipamentos) e de seus resultados, caso da realizada na refinaria REDUC, em Duque de Caxias (RJ): Veja a nota:” O Programa de Certificação de SPIE, desde a sua criação, foi construído com pilares de transparência e ética com envolvimento tripartite: governo, trabalhadores e empresas.Seguindo a Portaria Inmetro 582/2015, a Certificação do IBP sempre informa com a devida antecedência sobre a realização das auditorias obrigatórias, realizadas no referido SPIE, permitindo aos sindicatos daquela região que possam programar sua participação e acompanhamento.Desde 2002, a Gerência de Certificação do IBP é acreditada pela Coordenação Geral de Acreditação do INMETRO (Cgcre/INMETRO) para atuar como Organismo de Certificação de Produto (OCP 0028) para os Serviços Próprios de Inspeção de Equipamentos, conhecidos pela sigla SPIE.
A certificação de SPIE pode ser pleiteada por todas as indústrias que trabalhem com caldeiras, vasos de pressão ou tubulações. As auditorias de SPIE permitem que a indústria produza mais sem comprometer seus níveis de segurança.”
Fonte: Petronoticias