Entre os dias 30 de Setembro e 04 de Outubro o IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis esteve mais uma vez realizando uma auditoria na REDUC, para tentar retornar a certificação do SPIE, que foi cancelada no início do ano de 2016, em função da fraude no teto dos tanques que levou a óbito o Técnico de Operação Luiz Cabral.
A certificação do SPIE – Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos é importante para a Refinaria, visto que ela está atrelada ao aumento dos níveis de segurança, garantidos pela NR-13. Porém não é o que realmente acontece na REDUC. Os laudos da manutenção dos equipamentos são fraudados pelos gerentes. O IBP já foi enganado uma vez, e Cabral morreu. Sendo assim, a direção do Sindipetro Caxias irá lutar junto à Comissão de Certificação para que isto não ocorra novamente.
O Sindipetro Caxias não quer uma certificação que não garanta a vida, e apenas reduza o custo da manutenção da empresa. Ainda há muitos problemas para serem resolvidos. Tetos dos tanques ainda estão interditados pelo antigo MTE, tubovias assoreadas, falsificações de CATs, número de PHs insuficiente, etc. São algumas pendências que o Sindicato continuará exigindo solução pela gerência além de denunciar aos órgão competentes.
Por isso o sindicato lutará em todas as trincheiras em defesa da vida. Na verdade a gerência não está se preocupando com a integridade dos equipamentos, mas com quanto ela vai economizar em Parada de Manutenção. O debate não é por segurança, mas sim por dinheiro. O SPIE deve ser pela garantia da vida dos trabalhadores, e não pela ganância empresarial. Acesse o site do sindicato e veja a lista de irregularidades encaminhadas ao IBP.
Veja a lista de irregularidades encaminhadas ao IBP:
A auditoria SPIE REDUC e em atendimento a Carta IBP GCER 269/2019, recebeu as irregularidades existentes na refinaria. Segue abaixo as demandas encaminhadas pelo Sindipetro Caxias a serem verificadas:
• A inspeção de equipamento possui dificuldades nas avaliações das tubulações dos limites de baterias e toda extensão pelos pipe-ways. O assoreamento do pipe way, tubovias e acessórios estão parcialmente ou totalmente submersos levando a problemas de corrosão e consequente diminuição da espessura da parede dos tubos e acessórios. As tubovias estão sendo soterrados seja por britas colocadas para impedir o crescimento do mato como também as mudanças do nível da baia de Guanabara que leva sedimentos para dentro da refinaria e precipitando nos terrenos onde passam as linhas.
Ocorrência: Em julho/2017, por volta das 18h, ocorreu um incêndio na injeção do pipeway, em frente a CCL da U-1231 – Intermediária, devido ao rompimento de uma braçadeira na tubulação de óleo combustível. A equipe de brigada de incêndio da refinaria levou 1 hora para debelar o fogo.
Na semana passada furou um dreno do header de GN (Gás Natural) no GASDUC II, o serviço foi realizado por pedido de nota ZR, só que, não sabemos se foi criado um GT e feito a GM (gestão de mudança).
• Segue em anexo a Análise Crítica de Melhorias da Inspeção de Equipamentos pela Força de trabalho após a morte do operador Cabral que caiu dentro do TQ-7510 em 31/01/2016 e logo em seguida a suspensão da certificação SPIE. Este documento ainda retrata as dificuldades dos trabalhadores da inspeção na REDUC.
• O Termo de Compromisso de Melhorias no Sistema de Acendimento e Detecção de Fornos da REDUC firmado com a Secretaria Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro – SRTE em junho de 2017 com o propósito de instalações de novas tecnologias para o conjunto de pilotos, ignitor e sensores de chama dos fornos de modo automático esta com a programação atrasada conforme documento em anexo. A implemetação desta tecnologia dará segurança aos trabalhadores nas operações dos equipamentos, remotamente, nas casas de controle. Há muitos fornos sem o monitoramento por câmeras de vídeo para acompanhar a realidade dentro do forno, o acendimento da chama do piloto e maçaricos pois o sistema digital de monitoramento da operação indica a chama acesa mas muitas vezes continua apagada e assim a válvula de admissão de gás combustível se mantém aberta criando um ambiente explosivo dentro da câmara do forno ao tentar acender os pilotos. Ou seja, sistemas não confiáveis necessitando de avaliação urgente além do termo celebrado que precisa ser verificado pois há descumprimento do cronograma. Segue em anexo para avaliação dos auditores (Documento – MELHORIAS EM FORNOS DA REDUC).
• Desde de janeiro de 2018 o incinerador de amônia das UREs (U-3300 e U-3350) está fora de operação.
Há 3 treliças escorando a chaminé do forno que estão prestes a desabar ocorrendo a queda dos refratários por conta das altas temperaturas. Este fato já foi denunciado diversas vezes pela direção do Sindicato sem qualquer providência. Houve várias reuniões do Sindicato com a gerência de SMS e com o próprio Gerente Geral da REDUC se comprometendo a resolver os problemas e realizar melhorias necessárias para a retomada de sua operação e até agora nada.
• Os tanques da REDUC foram proibidos pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) para acesso de trabalhadores ao teto mas há denuncias de acessos principalmente os terceirizados com galões para aplicação de produto químico no interior dos tanques de antiestático e antioxidante. Havia uma promessa de instalação de um sistema de tubulação com bomba dosadora para evitar a ida do trabalhador ao teto do tanque. Os operadores continuam acessando o teto para atividades como rotina de medição de nível mesmo tendo equipamentos eletrônicos que mostram nas estações remotas os níveis dos tanques. Os acessos não estão em bom estado de conservação, há pontos sem corrimões até mesmo em pontes aos tanques, iluminação precária. Seria importantes exigir da REDUC um plano amplo para melhorias de acesso aos tanques. Não foi apresentado para o sindicato os tanques com teto de inox e quantos faltam instalar depois do ocorrido e a fiscalização do MTE.
• Inibição dos alarmes dos equipamentos e processos e apenas 1 operador para acompanhar várias telas de computadores dos processos : O sistema lógico de controle dos processos industriais na parte de inibição de alarmes, boa parte, estão ativados levando a riscos para a força de trabalho. No dia 02 de março de 2019, os procuradores do Ministério Público Federal e do Ministério do Trabalho realizaram visita às instalações industriais da REDUC. Participaram também os representantes do INEA e do Sindipetro Caxias. O que mais chamou a atenção das autoridades foi a quantidade de telas de computadores que ficam a cargo de um único técnico de operação, a ponto de surgir a pergunta: “e se esse operador precisar ir ao banheiro? Como fica?”. No próprio CIC, ao visitar a unidade do COQUE, foi constatada a existência de diversos alarmes inibidos sem redundância e outras situações que trazem alto risco aos trabalhadores ao processo. Se tentou justificar como se fosse uma situação temporária, o que não foi verdade, haja vista alguns deles estarem nessa condição há dois meses. Enquanto isso, a TAO (taxa de alarme por operador) é pequena para justificar de forma fraudulenta a redução de pessoal. Necessário a solicitação dos registros de alarmes das unidades de processo com um histórico dos últimos 12 meses, com dados de inibições com seus motivos, períodos desativados, grau de importância do alarme e consequências geradas se ultrapassar seus limites pré estabelecidos
• As UREs (U-3300 e U-3350), possuem um “outdoor” com placas metálicas soltas que não serve de forma eficiente de anteparo ao pó de enxofre acumulado em um pátio ao ar livre. Esse anteparo foi instalado sem qualquer projeto, estudo prévio da engenharia, não garante a proteção efetiva dos equipamentos das unidades das partículas em suspensão do enxofre que por consequência acelera o desgaste físico por corrosão.
• No dia 20/09/17, ao final do turno de 07 às 15 horas, houve uma emergência na U-2200, devido à contaminação do tanque de água, onde foi necessário efetuar várias manobras como troca de tanque, limpeza de filtros das bombas. Este caso se agrava devido a um problema crítico que fere a NR-13: a caldeira SG-2002 está operando sem indicação de vazão de água, fato muito perigoso com risco grave e iminente de explosão. Em função desta emergência, o gerente autorizou duas dobras para reforçar o efetivo que foi reduzido pela implantação do O&M. Se este estudo (O&M) diz que com número reduzido é o suficiente, porque foram solicitadas 2 dobras nesta situação de emergência. Diante deste fato o sindicato solicitou a parada da unidade e o retorno do número mínimo anteriormente praticado que até hoje não foi aplicado. Denunciamos este perigo a ANP e ao MTE mas sem reversão do caso. Seria importante uma entrevista com os trabalhadores para entender o risco desta precarização generalizada neste setor.
• A implementação do estudo de redução de Efetivo: O&M (Organização e Métodos) reduziu o número de trabalhadores do regime de turno principalmente os técnicos de operação e criando o operador de Manutenção em HA (horário administrativo) chamado de “Opman”. Este mesmo teria a única obrigação de atuar de 7h30 às 16h30 não contando para o número mínimo de trabalhadores na operação. A atuação destes profissionais está prejudicada com a sobrecarga de trabalho pela redução do efetivo e a fraude do próprio estudo que eles criaram pois os operadores “Opman” tem atuado operando o processo e contando para o número mínimo onde é proibido no estudo do O&M. Os PIDVs (Programa de Incentivo a Demissão Voluntária) seguidos reduziu de 1750 trabalhadores da REDUC em 2015 para quase 1100 trabalhadores atualmente e tende a reduzir ainda mais pois há mais um PDV em andamento. A empresa não esta repondo esses trabalhadores gerando dobras ( horas extras de 8 horas) seguidas em todos os dias em todos os turnos de trabalho. Solicitamos com a ajuda o IBP a lista dos trabalhadores que foram nomeados como Opman na REDUC para tratarmos os conflitos gerados por essa sistemática ineficiente e comprometendo a saúde e segurança de todos na refinaria
• Manobras da gerência da inspeção para maquiar os indicadores a uma semana da auditoria do SPIE (30/09 a 04/10/2019). O atual gerente da IE, de forma desesperada, solicitou aos profissionais da inspeção para reavaliar as notas ZR de maneira que possam ser postergadas sem análise técnica necessária e atendendo os gestores do setor da manutenção e operação. O atual presidente da CIPA (indicado e gerente do MC – Movimentação de Combustíveis) se posicionou contrário ao recebimento da denúncia pois considerava que a CIPA não era um ambiente apropriado para avaliação mas a coragem e a responsabilidade que os trabalhadores da inspeção possuem se fizeram presentes e registraram a denúncia na comissão junto com os representantes da CIPA para apurar as irregularidades cometidas das gerências envolvidas da manipulação das notas. Importante os representantes do IBP buscarem informações junto a CIPA/REDUC em entrevistas aos cipistas e os inspetores de equipamentos como também solicitar cópias de ATAs de reuniões da CIPA para saberem onde estão pisando pois mais um sinistro com mortes se aproxima. Mais uma vez a gerência remonta sua gestão como foi em todo o período de fiscalização do IBP desde 2016, manipulando os dados para enganar, mascarar os indicadores para toda a fiscalização que entra na REDUC e não entendem que assim compromete a integridade industrial da refinaria colocando todos em perigo. A reclassificação das notas ZR em última hora demonstra a falta de lisura, idoneidade e credibilidade da gerência atual em cumprir as exigências fundamentais do processo de Certificação do SPIE.
O despreparo, a irresponsabilidade e falta de compromisso nos levará futuramente a mais uma tragédia como a do petroleiro Cabral em 2016. Os gerentes continuam mentindo pois não assumem nenhuma responsabilidade na morte de trabalhadores. Os responsáveis pela morte do Sérgio Augusto Cabral continuam soltos pela PETROBRAS com a mesma postura e se mantendo em seus cargos.
• A PETROBRAS, descumpre deliberadamente a determinação da constituição da República de 1988 e o PCAC ao contar para o números de técnicos de inspeção com a participação de 4 trabalhadores da manutenção.
Alega a empresa que forneceu o treinamento adequado e implementou um novo Plano de Cargos e Remuneração (PCR) implementado unilateralmente sem a participação do sindicato. Já tivemos vitórias na justiça do trabalho onde observou irregularidades na base da TRANSPETRO (TECAM – Terminal de Campos Elíseos). Entretanto o que ocorre é que a PETROBRAS esta desviando de função esses trabalhadores que não fizeram concurso para técnico de inspeção, cargo diferente de técnico de manutenção.
Dessa forma, a empresa já conta com número insuficiente, e assim reduzindo ainda mais o número de técnicos de inspeção.
• A Unidade de (LODO) fruto de um TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA AMBIENTAL está parada e se deteriorando por falta de manutenção e operação. Esta unidade foi operada apenas para fiscalização ver e depois abandonar a Unidade. O sindicato já solicitou o retorno desta operação mas até o momento não voltou a operar e os órgãos ambientais foram alertados sobre o assunto.
• U-2200
Antes do O&M eram 4 operadores no painel e 3 na área.Agora , são 2 operadores no painel e 2 na área – Por solicitação dos sindicato, reunimos na ANP em 2017 junto com a gerente geral da REDUC – Elza Kalas, advogado da PETROBRAS – Leonan e o diretor da ANP. Na mesa houve o comprometimento de voltar com número de origem (Antes do O&M) da u-2200. Ainda não cumprido o tratado pela gestão anterior e a atual.
• Para conhecimento: Depois de três anos e 8 meses do ocorrido em 31 de janeiro de 2016, a Petrobrás foi finalmente reconhecida como culpada da morte do petroleiro Luiz Cabral. No dia 17 de maio de 2018, a juíza do trabalho condenou a empresa ao pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) de indenização à família do Técnico de Operação.
Inicialmente a empresa havia oferecido 80 mil para encerrar o processo, mas não houve acordo.
Para a sentença, a juíza utilizou todos os estudos conquistados pela direção do Sindipetro Caxias sobre as reais condições de insegurança dentro da REDUC. Em seu fundamento aparecem grifados fatores de risco como a corrosão presente no teto do tanque quanto outras falhas de segurança:
“O acúmulo de recomendações de inspeção sem atendimento estava colocando em risco não apenas o TQ-7510, como os demais tanques da REDUC” – grifei); (iv) falha de monitoramento da corrosão – atraso na execução da inspeção (…) as provas colhidas nos autos demonstram, inequivocamente, a responsabilidade da ré pelo acidente que causou a morte do genitor do autor, revelando o descumprimento de normas de segurança essenciais na prevenção do evento danoso”.
Esta condenação é uma decisão de primeira instância na justiça cível e apesar de todas as evidências de seus seguidos erros até a morte do trabalhador. A empresa entrou com recurso e dizendo que a culpa é do Cabral.