No dia 23, aconteceu o IX Encontro Nacional das Mulheres Petroleiras, promovido pela Federação Única de Petroleiros (FUP) e realizado pela segunda vez no formato digital por conta da pandemia de covid-19.
Mediado por Fafá Viana, diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) e da FUP, a análise de conjuntura na parte da manhã contou com a participação de Eleonora Menicucci, socióloga e ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres Brasileiras, e Lucia Rincon, ativista, membro da Coordenação do Fórum Nacional do PCdoB para a Emancipação das Mulheres e ex-presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM).
Na conversa, foi pautado o quanto as mulheres são tratadas de maneira diferente em relação aos homens em diversos âmbitos de trabalho. A Petrobrás não é a exceção. Relatório feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – subseção FUP, revelou nos últimos dias que as mulheres, em todas as funções exercidas na Petrobrás, recebem menos do que os homens. Nos cargos de nível médio elas ganham, em média, 76% de uma remuneração masculina, exercendo a mesma atividade.
Na segunda mesa, a advogada e pesquisadora Mariana Velloso apresentou os principais pontos de sua dissertação de mestrado intitulada “Essa fala foi dela companheiro: o pé na porta e a participação das mulheres na Federação Única dos Petroleiros”, a respeito das mulheres petroleiras sindicalistas.
O painel teve a mediação da petroleira Miriam Cabreira, a primeira presidenta eleita do Sindipetro-RS. Ela frisou a importância de enxergar o diagnóstico sobre a discriminação de gênero para mudar essa realidade. “A gente não aguenta ser forte o tempo inteiro, não somos supermulheres. É muito importante esse debate de gênero na pauta do movimento sindical para avançarmos”, reforçou.
Mariana Velloso investigou a participação das mulheres na direção da FUP durante o mandato de 2017-2020, o primeiro a ter a aplicação de cota mínima para as trabalhadoras, garantindo oito vagas para as mulheres petroleiras na composição da entidade. Na pesquisa, foram ouvidos 12 diretores da FUP, sendo 8 homens e 4 mulheres.
Ela destaca o fato de somente as cotas, uma reivindicação do coletivo de petroleiras da FUP, terem dado garantia de maior representatividade de mulheres entre todas as gestões da entidade. A pesquisadora relata que as cotas foram tratadas de uma maneira inédita e a participação das mulheres vista como um choque. A dissertação traz dados sobre as dificuldades das mulheres sindicalistas também estarem relacionados com resistências internas dentro da Federação.
Você pode assistir aos debates na íntegra pelo canal da FUP no Youtube.