Bolsonaro é capaz de grandes sínteses. Em 21/10/18 o Brasil ouviu seu programa de governo:
Matar, prender ou deportar, quem fizer oposição.
Uma semana depois essa plataforma foi aprovada por 38% da sociedade, contra 33% que a abominou, e 29% de omissos. E, resultado desta omissão, hoje somos meio milhão de pessoas a menos.
Podre
Guedes também diz muito em poucas palavras. Depois de definir que Disney e universidades não são “lugar de pobre”, agora determinou o cardápio da ralé: restos.
Já Tereza Cristina, a ministra do “brasileiros não passam fome porque têm mangas”, aquela que multiplicou a quantidade de venenos em nossas bocas, quer acabar com o prazo de validade dos alimentos.
Marcos Nogueira, da saborosa coluna “Cozinha Bruta”, resumiu a abordagem da dupla de ministros fascistas: “Comida estragada para os pobres”.
Seca
Além disso, Bolsonaro e o agronegócio destroem a natureza, e aceleram os eventos extremos: à maior cheia da história do Amazonas, corresponde a crise hídrica em outras paragens.
No domingo, 20/06/21, The New York Times fez o que a imprensa brasileira não faz, e associou nossos 500 mil mortos à seca e à próxima temporada de incêndios na Amazônia e no Pantanal.
Só ingênuos acham que a preocupação ambiental irá conter o agronegócio, quando a Confederação da Agricultura e Pecuária já tem a resposta para a estiagem: irrigação! Meio ambiente e pobres, que fiquem no passado.
Os ricos
Bolsonaro prometeu retroagir o Brasil a 1964, contudo os investimentos estrangeiros baixaram ao volume de 2001, a indústria foi para níveis de 1910, e agora a segurança alimentar usa o padrão de 1827.
1827 é a data da aquarela de Debret “Um jantar brasileiro”, na qual um casal endinheirado come à mesa, abanado e assistido por escravos, enquanto a robusta senhora alimenta caridosamente seus “pets”, duas criancinhas negras.
A irrigação soluciona a seca, tal como o fascismo tem a “solução final” para os inconformados com as sobras, vide o destino dado aos tio e sobrinho Bruno da Silva, 29, e Ian da Silva, 19.
Furtar-se
Bruno e Ian furtaram pacotes de carne no Atakadão Atakarejo, em Amaralina, Salvador, e foram executados.
“Meu filho morreu com fome”, resumiu a mãe do rapaz.
Somos todos culpados por este quadro. Mas aqueles 29% que se furtaram a escolher entre civilização e barbárie são os piores. Como pontuou Max Weber, optaram pelo fascismo sob o disfarce da neutralidade.
Por Normando Rogrigues – Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.