Identificada como patrimônio público, a Petrobrás conta com o apoio da população, contra a ideia de sua privatização.
Mas, repassar as atividades mais lucrativas da indústria do petróleo e gás para o capital internacional é um objetivo central dos protagonistas do Golpe de Estado de 2016.
Afinal, do compromisso do senador José Serra com a Chevron, à decisão do STF que liberou o “desmanche” de ativos da empresa, passando por todas as ações da Lava Jato, tudo foi feito para entregar a indústria nacional de óleo e gás.
Então, como entregar o que foi prometido, sem alarde?
AMPUTAÇÃO DA BR DISTRIBUIDORA
A destruição da Petrobrás, sem confronto com a opinião pública, se inicia a 25 de julho de 19, com a venda da BR Distribuidora.
Separar a Petrobrás de seus postos de combustíveis é decretar sua morte. Empresas de petróleo dependem da integração de suas atividades: a “montante” do fluxo de produção (upstream) estão a exploração (busca por novas jazidas) e produção (extração de petróleo bruto e gás natural); a “jusante” (downstream) o transporte, distribuição e comercialização, dos derivados do petróleo.
CONDENADA AO PREJUÍZO
A integração “do poço ao posto” permite que o elevado risco financeiro a montante seja suportado pelos lucros do abastecimento. Sem essa equação, nenhuma empresa de petróleo sobrevive.
No caso da Petrobrás, o peso do abastecimento no faturamento bruto da empresa, desde 2007, nunca foi menor do que 75%.
Traduzindo: vender a BR Distribuidora significará um corte de até 75% no ingresso de capital da Petrobrás.
EMPRESAS DE PETRÓLEO TÊM POSTOS DE GASOLINA?
Vejamos as 20 maiores empresas de petróleo, considerados os lucros (revista Forbes), começando pela Saudi Arabian Oil Company – Saudi Aramco, e terminando pela Equinor, em 20° lugar.
Todas contam com subsidiárias de distribuição e varejo, ou atuam diretamente nessa área, para realização de seus lucros. Com uma exceção.
O Ministério do Petróleo do Iraque, considerado uma empresa pela Forbes, e escalado na 16ª posição, não atua na distribuição e varejo.
Após a venda da BR Distribuidora, com seus mais de 7 mil postos de combustíveis, a Petrobrás, na 14ª posição dentre as mais lucrativas, será a outra exceção, junto com o Iraque.
A destruição da Petrobrás, via amputação da BR Distribuidora, só tem paralelo em um país derrotado belicamente, ocupado militarmente, e com as atividades econômicas completamente entregues ao capital internacional.
Por Normando Rodrigues