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Petrobrás projeta aumento de geração de caixa para os próximos anos em seu novo Plano de Negócios

Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

Novo artigo do economista do Ibeps, Eric Gil Dantas, analisa o Plano de Negócios para o período de 2026 a 2030 publicado nesta madrugada (28). Segundo Gil, a Petrobrás apresentou um novo plano que projeta um aumento significativo da geração de caixa nos próximos anos, mesmo em um cenário internacional de preços menos favoráveis. LEIA O ARTIGO:

A Petrobrás publicou nesta madrugada, 28, o seu novo Plano de Negócios para o período de 2026 a 2030. Como esperado, houve uma redução nos investimentos planejados em relação ao plano anterior (2025-2029), de US$ 2 bilhões (-1,8%). No entanto, veremos que a companhia deverá continuar a crescer, mesmo em um contexto de Brent inferior, o que dá força às reivindicações da categoria petroleira neste ACT.

A redução de investimentos não impactou o E&P, pelo contrário, no novo PN o segmento ganhou mais US$ 1 bilhão de investimentos, somando US$ 78 bilhões. Já o Refino, Transporte e Comercialização se manteve estável em US$ 20 bilhões. Quem teve seus investimentos planejados diminuídos foram os segmentos de Gás e Energias de Baixo Carbono (de US$ 11 para US$ 9 bilhões) e o Corporativo (de US$ 3 para US$ 2 bilhões).

A expectativa de produção total de óleo e gás da companhia cresceu consideravelmente. A projeção para 2026 subiu 7% em relação ao PN anterior, de 3 milhões de boed para 3,2. O pico será em 2029, com 3,4 milhões de boed, 17% superior ao que a companhia produziu nos 9 primeiros meses de 2025. Isto gerará mais caixa para a Petrobrás, compensando parcialmente a queda dos preços do petróleo – efeito já foi verificado nos resultados de 2025.


A projeção para o Brent ficou em US$ 63 para 2026 e 70 dólares entre 2027 e 2030. Exatamente hoje o Brent está a US$ 63. Apesar de ter reduzido a projeção de curto prazo (no PN anterior a companhia esperava um Brent de US$ 83 para 2025), o PN 2025-2029 adotava uma projeção inferior para 2029, de US$ 68. Logo, no médio prazo a Petrobras aumentou em 2 dólares a expectativa de preço para o petróleo.

Já as projeções de preço de gasolina e diesel se mantiveram inalteradas para 2029, não projetam mudança de preços de combustíveis no médio prazo, o que preserva o caixa da companhia.

O Brent de equilíbrio (preço que viabiliza os investimentos programados) é de US$ 25. No PN anterior era de US$ 28. A companhia está mais resiliente às mudanças do mercado internacional.

No Refino a companhia também espera aumentar sua capacidade de produção, de 1,8 milhão de bpd atuais para 2,1 milhões de bpd em 2030. Os principais projetos são o 2º trem da RNEST e o refino em Boaventura. Ambos devem “resultar em um aumento de 307 mil bpd na capacidade de produção de Diesel S-10 até 2030 (incluindo projetos da Carteira em Avaliação), sendo 134 mil bpd de volume adicional e 173 mil bpd provenientes da substituição do Diesel S-500 pelo Diesel S-10” – o que aumentará o volume e a rentabilidade do refino.

A expectativa de Fluxo de Caixa Operacional (o que a companhia gera com suas atividades menos o que ela gasta) é de crescimento para os próximos anos, de US$ 35 bilhões em 2026 para US$ 42 bilhões em 2030. Logo, apesar do discurso da presidência, a Petrobrás vai ter mais dinheiro, e não menos. Fruto da sua expansão na produção e do avanço de sua eficiência operacional e da rentabilidade dos produtos. 

Por fim, segundo o PN a política de dividendos será mantida, e levará cerca de 23% de tudo o que a companhia irá gerar de caixa. O pagamento deverá ser de algo entre US$ 45 e US$ 50 bilhões nos próximos 5 anos, quase US$ 10 bilhões por ano, ou pouco mais de R$ 50 bilhões anuais em nossa moeda. Próximo ao que já se projetava no PN anterior (US$ 45 a US$ 55 bilhões). Isto é, mesmo com mudanças alegadas no Brent, a companhia se manterá como uma máquina de dividendos.

Em síntese, o Plano de Negócios não deve servir como chantagem para a categoria petroleira, em meio ao ACT. Pelo contrário! Muito do discurso da direção da empresa está em total contradição com suas projeções oficiais – que é o que vale. A companhia continuará a crescer em produção e eficiência, e com isto será mais lucrativa. Ao fim do horizonte de 5 anos, a Petrobrás será uma geradora de caixa ainda maior do que hoje. Então, esperamos que a Petrobras faça valer o que está escrito no primeiro parágrafo do PN, de “atenção total às pessoas”, e valorize quem constrói diariamente a riqueza desta empresa.

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