Último boletim Nº 782 no ar!
novembro 22, 2021
FUP participa de audiência nesta quarta, às 16h, sobre projeto de lei que altera forma de reajuste dos combustíveis
novembro 24, 2021

Coordenador da FUP rebate Mourão: “Para baixar o preço dos combustíveis tem que acabar com o PPI e não com as refinarias”

O vice-presidente da República ganhou os holofotes da mídia esta semana, ao se posicionar contra a privatização da Petrobrás. Mas, em vez de colocar o dedo na ferida e atacar o PPI, ele replica o discurso do mercado, defendendo a venda das refinarias, enquanto posa de nacionalista. Em vídeo, o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, rebate, um a um, os argumentos de Mourão. 

[Da imprensa da FUP]

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, ganhou os holofotes da mídia esta semana, ao se posicionar contra a privatização da Petrobrás, trocando farpas com o presidente Jair Bolsonaro, que afirmou recentemente que a privatização da empresa “está no radar”. Mourão faz o jogo das importadoras, ao dizer que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, mas não “na produção de combustível”, escamoteando a responsabilidade do governo com a política de preços da Petrobrás, que é subordinada ao valor do barril no mercado internacional, ao dólar e aos custos de importação. “Não adianta importar por 10 pra vender aqui por 5. Quem é que vai fazer isso? Vai ter que vender pelo menos pelo mínimo que está importando”, alegou Mourão

Vamos aos fatos:

A Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) informou que o Brasil alcançou em julho deste ano uma produção de 3 milhões e 100 mil barris de petróleo por dia. Segundo a ANP, nesse mesmo mês, o consumo diário de derivados de petróleo no país foi de 2,4 milhões de barris, enquanto as refinarias brasileiras produziram 1,9 milhão de barris de combustíveis.

O que Mourão não explicou é que as refinarias da Petrobrás podem refinar 2,4 milhões de petróleo por dia, mas, por decisão da gestão (que é controlado pelo governo federal), elas estão refinando abaixo dessa capacidade.

Desde que a política de preço de paridade de importação (PPI) foi implantada em 2016, as refinarias tiveram a carga de produção reduzida e operam hoje com uma média de 75% de sua capacidade total. Com isso, o Brasil passou a importar cada vez mais derivados, principalmente dos Estados Unidos.

Quem ganha com essa política são as importadoras de combustíveis. No caso da gasolina, a produção atual das refinarias é suficiente para abastecer o mercado interno, mas, mesmo assim, o Brasil está importando gasolina a preços internacionais.  

Já em relação ao óleo diesel e ao GLP (gás de cozinha), o país precisa aumentar a produção nacional em 24% e em 37%, respectivamente, para deixar de importar esses produtos. Ou seja, se as refinarias da Petrobras operassem com 100% da sua capacidade, praticamente não precisaríamos importar derivados.

E mais: se a expansão do parque de refino planejado nos governos Lula e Dilma (construção das refinarias Premium 1 e 2, do Comperj e do Trem 2 da RNEST) não tivesse sido interrompida pelo golpe de 2016, o Brasil estaria hoje exportando derivados e não óleo cru, o que significaria mais empregos e valor agregado para o país.  Em vez disso, a gestão da Petrobrás está transferindo nosso petróleo para outros países refinarem e a importadoras lucrarem.

Quem mais lucra com isso? Os acionistas privados, que irão receber agora em dezembro R$ 63,4 bilhões em dividendos (o maior valor já pago pela empresa), e as multinacionais que estão se apropriando das refinarias da Petrobrás a preços muito abaixo do valor de mercado.

É o que está acontecendo com a RLAM, na Bahia, com a REMAN, em Manaus, e com a SIX, no Paraná. Essas três refinarias estão tendo a privatização contestada pela FUP e seus sindicatos, que denunciam uma série de arbitrariedades nos processos de venda, além dos riscos de formação de monopólios privados regionais, o que aumentará ainda mais o preço dos combustíveis.

E sob o comando de Bolsonaro, a gestão da Petrobrás quer vender ainda as refinarias do Sul – REPAR (no Paraná) e REFAP (no Rio Grande do Sul), de Minas Gerais (REGAP) e as demais unidades do Nordeste: a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, a Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e a Refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte.

Em vez de colocar o dedo na ferida e atacar o PPI, Mourão replica o discurso do mercado, defendendo a venda das refinarias, enquanto posa de nacionalista, ao dizer que é contra a privatização da Petrobrás.

Em vídeo, o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, rebate o vice-presidente, com fatos e dados. Assista: 

Publicado em Sistema PetrobrásPreços dos Combustíveis