O evento foi marcado por relatos de aposentados e pensionistas sobre os agravos à saúde física e mental gerados pelo rombo no contracheque causado pelos planos de aposentadoria da fundação.
No dia 1 de julho, primeira terça-feira do mês, aconteceu a tradicional Reunião de Aposentados, Aposentadas e Pensionistas do Sindipetro Caxias, com a participação do então Presidente da Petros, Marco Aurélio Viana, e do Diretor de Investimento da fundação, Gustavo Gazaneo.
Com 65 participantes – 39 presencialmente no Sindicato e 26 online -, o evento foi marcado por relatos de aposentados e pensionistas sobre prejuízos financeiros e abalos na saúde física e mental causados pelos equacionamentos nos planos de aposentadoria da Petros. Entre os depoimentos, foram listadas dificuldades de arcar com medicamentos, ansiedade sobre a garantia de receber um valor suficiente para manter o mínimo no cotidiano e outros. Uma triste realidade daqueles e daquelas que construíram a Petrobrás que conhecemos hoje.
‘Eu sinto uma ansiedade constante sobre poder comprar as coisas básicas para minha casa, para me manter. Porque eu nunca sei quando vai ser descontado do meu contracheque. Vivo com isso na cabeça’, desabafou um aposentado.
Após a apresentação dos números e projeções do último trimestre, o presidente e o diretor de investimentos da Petros responderam aos questionamentos e reclamações dos presentes. Entre as reivindicações, estavam a dúvida sobre a disparidade entre os números positivos mostrados pelos convidados e o constante déficit que se transformam em equacionamentos para participantes e assistidos. Segundo o presidente interino Marco Viana, a fundação reconhece o problema, mas “sem dinheiro das patrocinadoras não vemos solução”.
Foi assim que Marco Viana resumiu a situação dos planos PPSP-R e PPSP-NR hoje. Ele atribui os déficits aos passivos de investimentos malfeitos que não retornaram o que prometeram, como o Plano Petros Ultra Fértil, e à problemas estruturais nos planos. “Não se resolveremos os PEDs sem dinheiro novo da patrocinadora”, reforçou.
“Petrobrás, salve a Petros!” O Sindipetro Caxias convocou, em abril de 2023, o primeiro ato em defesa dos participantes e assistidos da Petros e por uma solução para os equacionamentos dos planos PPSP-R e PPSP-NR em frente ao EDISEN. Os demais sindicatos petroleiros, federações, marítimos e outras entidades se juntaram à mobilização que se desdobrou em outros atos ao longo daquele ano e na formação de um Grupo de Trabalho e, depois, em uma Comissão Quadripartite em busca de uma solução para os equacionamentos do Plano Petros. A Comissão Quadripartite encerrou seus trabalhos recentemente e agora aguarda a aprovação de um novo plano pelos órgãos regulamentadores.
A incidência de imposto de renda sobre a parcela relativa ao equacionamento paga pelos aposentados, aposentadas e pensionistas também foi mencionado. ‘Ficamos com muito pouco, o que a Petros está fazendo sobre o IRPF e sobre o equacionamento? Perco quase 8 mil por mês de equacionamento que não é tratado nem no IRPF’, garantiu um aposentado presente na reunião.
Em resposta, o presidente interino Marcos Viana disse que juridicamente a Petros nada pode fazer sobre o tema, já que se trata de uma questão ligada à União. Porém, afirmou que a Petros em conjunto com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) está abrindo conversas sobre o tema com o Senado. Também estão envolvidos na discussão representantes da Petrobrás, de participantes e assistidos e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Tudo na tentativa de se isentar a parcela relativa ao equacionamento de imposto de renda.
No dia 4 de julho, Marco Aurélio Viana deixou o cargo de Presidente Interino da Petros, quando assumiu o engenheiro e economista Marcelo Farinha.