Realizado nesta quarta-feira (14), evento demonstrou ampla solidariedade com o coordenador da FUP , que sofreu retaliação da gestão da Petrobrás
“Não podemos aceitar de forma alguma que queiram nos silenciar”, afirmou no começo do ato o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, deputado Elvino Bohn Gass. “Deyvid não está levantando a voz só por vontades corporativas da categoria dos petroleiros e petroleiras, está falando em nome do Brasil. A devastação que a turma do [presidente Jair] Bolsonaro [sem partido] está fazendo no nosso país e na Petrobrás precisa ser denunciada, e isso é o que estamos fazendo”, afirmou.
Realizado na última quarta-feira (14), o ato virtual foi motivado pela punição injusta do coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, suspenso por 29 dias pela direção da Petrobrás, após participar de atividade da greve dos trabalhadores da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada na região metropolitana de Salvador (BA).
A empresa aceitou proposta de compra da refinaria do fundo de investimentos Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, por um preço abaixo do valor de mercado. Essa subprecificação motivou os petroleiros a entrarem com ação popular, na Justiça Federal da Bahia, assinada também pelos senadores Jaques Wagner (PT/BA), ex-governador da Bahia, e Otto Alencar (PSB/BA), que preside a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Atualmente, o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa a suspensão de venda do ativo.
Também presente no ato, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, apontou que o coordenador da FUP está sendo perseguido “pelo que representa na luta pela Petrobrás, e pelo povo brasileiro”. Essa luta, explicou, é “contra o desmonte da maior empresa do Brasil, a mais estratégica para nosso desenvolvimento, e, portanto, uma luta em defesa do nosso povo”.
O deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Glauber Braga, destacou a “importância fundamental” de reforçar uma articulação que “se contraponha de maneira frontal à aplicação da agenda ultraliberal de desmonte”. E afirmou: “Não vamos ficar de joelhos. Se Bolsonaro quer ficar de joelhos como ficou para Donald Trump, ele vai ficar sozinho. Essa militância que não aceita como fato consumado a entrega dos nossos recursos naturais está ativa para defender a autonomia e a capacidade de luta de um militante como o Deyvid, mas também para dizer: nós não nos entregamos”.
O ato, promovido pela FUP e Central Única dos Trabalhadores (CUT), também contou com a presença de políticos como o senador Jaques Wagner (PT-BA), a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o senador Jean Paul Prates (PT-RN) e o ex-ministro Zé Dirceu.
Apoio dos movimentos sociais
A solidariedade chegou de forma maciça também através dos movimentos populares. Após reafirmar que, atualmente, a defesa de Bacelar e a pauta da FUP se confundem com a defesa da soberania do país, a integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Sonia Mara Maranho, afirmou: “essa luta também é em defesa da tarifa justa do gás para quem coloca comida na mesa, preço justo para as tarifas de energia, de combustível, e de água para a sociedade brasileira”. A militante ainda agregou: “Não podemos deixar que os rentistas e especuladores se apropriem do patrimônio histórico construído pela força dos trabalhadores e as trabalhadoras, petroleiros e petroleiras de todo esse nosso país”.
Já o presidente da CUT, Sérgio Nobre, classificou a ação da Petrobrás como “covarde” e, por isso, deve que ser denunciada dentro e fora do país por “todos os democratas, aqueles que lutam e acreditam que a liberdade de expressão e organização dos trabalhadores é um direito sagrado”. Edivagno Rios, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), apontou que “é característica de governos antidemocráticos perseguir os trabalhadores e tentar enfraquecer a organização sindical e os movimentos sociais”. Eles “buscam calar a boca daqueles que lutam, mas nós reafirmamos nosso compromisso com a luta em defesa da soberania”.
Discurso semelhante foi proferido pela vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Élida Elena: “Deyvid não está sozinho, lutaremos juntos para construir a resistência necessária para tirar o Brasil dessa situação, derrotar o bolsonarismo e construir um projeto nacional”. João Paulo Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acrescentou que “quanto mais eles batem no Deyvid, mais forte ele fica” e afirmou: “Não tenho dúvida nenhuma de que o movimento sindical, o conjunto dos movimentos populares e das forças políticas continuarão aqui sendo solidárias”.
A Plataforma Operária e Camponesa da Água e da Energia, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) são algumas das organizações que participaram do ato.
Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP durante a histórica greve de 1995, afirmou que só visualiza uma saída: “a unidade do movimento sindical, social, estudantil e os partidos de esquerda para peitar esse governo”.
Assista a íntegra do ato no Youtube:
Publicado em Sistema Petrobrás
Fonte: FUP