Na semana de 19 a 23 de junho, o Sindipetro Caxias esteve presente na auditoria interna do Serviço Próprio da Inspeção de Equipamentos (SPIE) do Tecam. A participação sindical na auditoria se dá, principalmente na realização de escuta aos trabalhadores da categoria para realização de entrevista com a entidade pelos auditores e solicitação de pontos de atenção a serem incluídos nos processos de verificação. Estes pontos podem resultar em constatações, preocupações ou não conformidades, podendo ser a resultante desta verificação a suspensão da concessão da certificação.
A direção sindical conversou com profissionais da Manutenção, Operação e, principalmente, da Inspeção de Equipamentos, além da CIPA. Dentre as principais questões levantadas, o Sindicato mapeou os seguintes pontos:
• Desvalorização profissional: há enorme responsabilidade no trabalho da Inspeção de Equipamentos, além de exigência de grande especialização. No entanto, há uma lacuna na carreira técnica nesta área na Cia, não havendo compensação destas responsabilidade e especialização. Há, por isso, muitos pedidos de saída de profissionais e grande desestímulo à especialização, pois a manutenção nas requalificações não gera qualquer valorização ou priorização de carreira.
• Grande preocupação com o recorrência de revalidação das recomendações de inspeção (RI). Ressaltado que, desde a estipulação de meta de cumprimento de RI como meta de PPP houve grave piora desta demanda, incluindo com relatos de baixa da recomendação sem execução correta.
• Que esta e outras atividades não contempladas na norma, e características do trabalho no Tecamcomo grandes distâncias, causam impactos nocálculo do efetivo. Este retrabalho para tratar recomendações vencidas e as viagens para inspeções, além do desgaste físico, provoca um sub dimensionamento de efetivo, já limítrofe pelo cálculo normativo. Reivindicada a possibilidade de voltar ao efetivo quando a Transpetro possui a malha de gás.
• E que problemas de afastamento de saúde também impactam as atividades de trabalho, inclusive com atendimento em outros polos por profissionais de outras bases que desfalcam a rotina de origem.
• E que o treinamento da equipe própria é adequado, mas que também consome muito tempo das atividades de trabalho e que o efetivo deveria ser mais bem dimensionado para isso.
O Sindipetro Caxias levou estas questões para a entrevista, realizada no primeiro dia, e ainda manifestou preocupação com a manutenção de tranques, exemplificando a ocorrência da REDUC no TQ-515 e o acidente fatal que vitimou o companheiro Cabral, buscando sensibilizar a gestão do Tecam para a função teórica do SPIE, que é garantir a integridade dos equipamentos, e não esticar a campanha a qualquer custo.
A auditoria foi encerrada com a apresentação dos temas levantados e dos processos auditados, trazendo os seguintes resultados e ponderações sindicais:
• Constatações: 3 desvios em placa de identificação, sendo dois retornando de manutenção. Ausência de DCBI em duas PSV, tratados no atoa da auditoria.
• Preocupações: efetivo mínimo. Está limítrofe em relação à portaria (14/14 TIEI e 4/4 PLH). 108 relatórios em elaboração. 50% da equipe com restrição para trabalho em altura e espaço confinado. Verificadas 302 RI nos últimos 12 meses canceladas ou revalidadas. RTA atendidas anteriormente não foram mantidas por falta de recursos. Não houve desvio em atrasos, mas há um atraso repetido para a auditoria externa. Outros 4 serão constatados na auditora externa. PSV não sendo acompanhada para teste, inspeção e calibração por um técnico próprio. Calibração de manômetros com problemas no plano de inspeção e calibração que não condiz com o certificado, além de certificados não localizados. Fato já relatado pela auditoria externa. Constatado que o livro de segurança para tanques não está sendo atualizados pelo relatório de inspeção.
o Sindicato ponderou neste tema que há 4 técnicos terceirizados para serviços de pico, mas há desacordo na definição de serviço de pico, não sendo possível este enquadramento em serviços de rotina ou que sejam fruto de trabalhos planejados. Demonstrada muita preocupação em relação à repetição de um cenário já ocorrido na REDUC. Ainda, relatada também falta de equipamento, certificação, laboratório e outros recursos também já lá observados.
• Também sobre efetivo e valorização, empresa respondeu que vem buscando composição de vagas por concursos e que cumpre o planejamento de cargos e salários da Cia.
o Sindicato ponderou que cumprir o plano de cargos não é suficiente, sendo uma postura reativa da gestão, que ganha adicionais não contemplados no plano de cargos. São profissionais com qualificações específicas e que qualquer empresa de ponta tem programas de valorização de profissionais qualificados e certificados. E que cabe à Petrobrás estudar o tema. E que a REDUC perdeu qualificação de profissionais por não pagar as certificações.
• Não conformidades: encontrados desvios acima do critério, sendo 3 relatórios acima do critérioauditado, 7 de 50 relatórios aprovados fora do prazo e falta de rastreabilidade de linhas. Não conformidade já repetida. Não conformidades não neutralizadas também são não conformidades, não havendo neutralização pelo erro da cara raiz (resolução 42). Ou seja, as RTA não vêm sendo efetivas para eliminação das causas.
• Que a comissão auditora avalia o SPIE apto para manutenção da certificação.
o Sindicato encerrou afirmando que o SPIE tem valor caso seja levado a sério e cumpra suas funções de manutenção de integridade e não somente de esticar a campanha dos equipamentos. Ainda, diante de problemas que começam a surgir naquela base, demonstrou preocupação para que não deixem o Tecam chegar onde a REDUCchegou, onde o descaso com o SPIE matou uma pessoa. Encerrou pedindo que a empresa ouça seus trabalhadores.