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Centrais sindicais repudiam decisão do CA da Petrobras de antecipar dividendos de quase R$ 44 bilhões

As Centrais Sindicais emitiram nota conjunta na sexta-feira, 4, onde repudiando a decisão da gestão da Petrobrás de antecipar a distribuição de lucro referente ao 3º trimestre, no valor de R$ 43,68 bilhões. A maior parte desses dividendos é direcionada a acionistas privados, sobretudo estrangeiros.

Leia também: FUP e Anapetro vão à Justiça para barrar novo megadividendo da Petrobrás

Para as Centrais, a antecipação de distribuição dos lucros exorbitantes é uma manobra contra os interesses da nação, principalmente porque o atual governo sabe que o novo governo eleito apresentará sua estratégia de desenvolvimento para o país, para a qual a Petrobras, em especial a sua capacidade de investimento, será essencial.

Assinam a nota os presidentes da CUT, da Força Sindical, da UGT, da CTB, da NCST, da CSB, da Intersindical e da Pública Central do Servidor. Veja abaixo a íntegra:

NOTA OFICIAL

O Conselho de Administração da Petrobras anunciou nesta semana a decisão de antecipar a distribuição de lucro referente ao 3º trimestre do corrente ano no valor de R$ 43,68 bilhões. Segundo a empresa, esse montante representa um crescimento de 48% em relação ao mesmo período do ano anterior e decorre do aumento do preço internacional do barril de petróleo.

O total de dividendos anual chegará a quase R$ 180 bilhões, fato que torna a Petrobras a maior empresa pagadora de dividendos do mundo, segundo o Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson. Com isso, a petroleira
desbanca as 1.200 maiores empresas globais por valor de mercado. A maior parte dos dividendos é direcionada a acionistas privados, sobretudo estrangeiros.

Entretanto, os investimentos realizados pela estatal em 2022 (até junho) somam apenas R$ 17 bilhões, conforme relatórios financeiros da empresa. Sem planejamento de investimento de longo prazo e desconectada da missão de produzir tecnologia para a expansão da produção de energia renovável, a empresa atende somente ao interesse de lucro dos acionistas nacionais e estrangeiros.

Além dos investimentos da estatal encolherem a cada ano, há uma política para se vender unidades da empresa, o deslocamento de encomendas de plataformas para a Ásia, o arrendamento internacional de embarcações, todas medidas que afetam a capacidade de investimento, de produção e difusão de inovação tecnológica, de geração de emprego e de renda na economia nacional.

A política de preços e de lucros exorbitantes da Petrobras pressiona a inflação, aumenta o custo de vida e a estrutura de preços de todo o sistema produtivo. As medidas adotadas pelo atual Governo para reduzir o preço dos combustíveis e garantir os lucros estratosféricos aos acionistas, retirou receita tributária (ICMS) dos Estados prejudicando políticas públicas de saúde, educação, segurança etc.

Por isso, as Centrais Sindicais apoiam as denúncias e iniciativas da FUP (Federarão Única dos Petroleiros) e da Anapetro (Associação que representa os petroleiros acionistas minoritários da Petrobrás) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Procuradoria Geral da República (PGR) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para evitar que a gestão da Petrobras e o Conselho de Administração (CA) da empresa encaminhem essa uma nova distribuição de megadividendos.

As denúncias se reforçam com a eleição de um novo governo que apresentará sua estratégia de desenvolvimento para o país e para a qual a Petrobras, em especial a sua capacidade de investimento, será essencial. A antecipação de distribuição dos lucros exorbitantes é uma manobra contra os interesses da nação!

São Paulo, 04 de novembro de 2022.

Sergio Nobre
Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

Miguel Torres
Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah
Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Adilson Araújo
Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Moacyr Roberto Tesch Auersvald
Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

Antônio Neto
Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Nilza Pereira Almeida
Secretária-Geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora

José Gozze
Presidente da Publica Central do Servidor

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