É hora de parar os privatistas
Dia 30 de Outubro de 2022, centenas de milhares de pessoas nas ruas comemoraram um dia histórico para nossa geração, o dia em que vencemos Bolsonaro nas urnas e elegemos Lula presidente do país. Ao som de “tá na hora do Jair, já ir embora” sentimos a felicidade de dar fim ao governo que há quatro anos vem impondo um Brasil de fome, desemprego, autoritarismo, violência política, privatizações, cortes orçamentários, destruição do meio ambiente e uma guerra contra os trabalhadores, a população negra, indígena, mulheres e LGBTQIA+.
A vitória de Lula não é uma vitória eleitoral comum, muito menos só a vitória de uma figura ou partido. Fizemos uma luta histórica contra a máquina do estado utilizada para fins eleitorais, a compra descarada de votos, as fake news, o assédio eleitoral de igrejas e patrões, a violência política, a sabotagem da PRF e todo tipo de fraude eleitoral! Ela representa a maior da vitória política dos trabalhadores dos últimos anos. Devemos nos apoiar nesse sentimento de vitória para avançar na organização e luta da classe trabalhadora para as próximas batalhas que virão.
No entanto, é preciso termos consciência de que o bolsonarismo, por mais que não tenha conseguido cumprir seu plano, que era a reeleição de Bolsonaro, saiu das eleições com força relevante em uma eleição que foi vencida pela menor margem percentual de votos desde o fim da ditadura. Bolsonaro aumentou a sua quantidade de votos mais do que Lula no segundo turno (Lula aumentou cerca de 3 milhões, Bolsonaro cerca de 7 milhões), elegeu governadores aliados em 15 estados, e uma bancada de deputados e senadores expressiva. Porém, mais do que isso, nos últimos anos conseguiu criar uma força social que se tornou um movimento de massas de extrema-direita, para disputar política e ideologicamente os rumos do país.
Temos acompanhado com atenção as mobilizações golpistas que patrões do agronegócio e setores da classe média têm patrocinado nos últimos dias. Os bloqueios de estradas têm sido finalmente derrotados, apesar da criminosa condescendência da PRF com os golpistas. No último feriado de finados, dezenas de milhares de golpistas ocuparam as ruas pedindo a intervenção militar, com destaque para o grande ato na Central do Brasil, cenário das marchas golpistas de 64. Até hoje segue um acampamento golpista no Comando Militar do Leste. Bolsonaro tem uma postura ambígua: ao mesmo tempo em que designa Ciro Nogueira para cuidar da transição constitucional, segue incentivando os atos golpistas de seus apoiadores para deslegitimar a posse de Lula.