Há cinco anos, os petroleiros protagonizavam uma das mais emblemáticas greves da história da categoria. Era novembro de 2015. O pré-sal e o Sistema Petrobrás estavam sob ataque da operação Lava Jato e dos grupos políticos e econômicos que agiam dentro e fora do país contra a presidenta Dilma Rousseff, de olho no petróleo brasileiro. Os petroleiros tentavam conter os cortes e os desinvestimentos previstos para a Petrobrás no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019.
Paralelamente, no Congresso Nacional, o senador José Serra (PSDB/SP) cumpria a promessa de acabar com o regime de partilha, fazendo avançar o projeto de lei para tirar da Petrobrás a exclusividade na operação do pré-sal e a garantia de participação mínima nos blocos ofertados. À categoria, só restava lutar ou lutar. Na campanha reivindicatória, em vez de uma pauta salarial e corporativa, os petroleiros aprovaram a Pauta pelo Brasil, com propostas para manter os empregos, os investimentos estruturantes e a integração da empresa.
Com o país mergulhado no caos político, econômico e institucional instaurado pela Lava Jato, os trabalhadores ainda enfrentavam uma campanha feroz de desmoralização e de destruição da Petrobrás. O golpe estava a caminho, alimentado por uma operação conduzida com objetivos políticos, como ficou provado quatro anos depois.
Esse era o cenário da greve que os petroleiros iniciaram no primeiro dia de novembro de 2015. Greve que seguiu mês adentro, chegando a até 22 dias em algumas bases, com adesão em todos os sindicatos da FUP. Foi um dos principais movimentos políticos conduzido pela categoria em defesa da Petrobrás e da soberania nacional. Foi também a primeira grande greve dos trabalhadores que ingressaram na empresa a partir dos anos 2000.
Vinte anos após a histórica greve de maio de 1995, a categoria foi novamente vanguarda em 2015, com uma luta ainda mais emblemática, ao colocar a defesa da soberania acima de qualquer questão corporativa. Gerações de petroleiros unidas em torno de uma pauta essencialmente ideológica, que fez a gestão da Petrobrás negociar com a FUP propostas para a retomada da função desenvolvimentista da empresa, preservando a integração do Sistema.
Pela primeira vez na história, os trabalhadores tiveram a chance de disputar os rumos da Petrobrás, com propostas sólidas, construídas em conjunto com o Geep, um núcleo multidisciplinar de pesquisadores que assessoravam a FUP, o embrião do INEEP. A Pauta pelo Brasil foi discutida e trabalhada com a gestão da empresa, através de um grupo técnico e paritário, que construiu um relatório para a diretoria, com alternativas ao Plano de Negócios. Algumas das propostas chegaram a ser implementadas nos anos seguintes, outras foram atropeladas pelo golpe.
Desde então, a FUP vem atuando em diversas frentes de luta pela manutenção dos ativos e dos empregos, com propostas defendidas na Pauta pelo Brasil. As propostas construídas no documento são ainda hoje a principal referência nas ações políticas e jurídicas contra as privatizações e continua embasando a categoria nas disputas estratégicas para preservação e fortalecimento do Sistema Petrobrás.
A greve de fevereiro e a campanha Petrobrás Fica são continuidade dessa luta. Inspirados na greve de 2015, petroleiros e petroleiras seguem sendo luta e resistência contra as privatizações.
Confira a revista da FUP sobre a greve de novembro de 2015:
https://www.fup.org.br/index.php/greve-de-2015
Acesse o relatório final do GT Pauta pelo Brasil:
https://www.fup.org.br/index.php/greve-de-2015
A repressão não nos intimidou!
Durante os 16 dias de greve em Duque de Caxias, a Polícia Militar abriu mão de cumprir seu dever de combater a violência na cidade e assumiu o triste papel de segurança particular dos gerentes da Petrobrás.
Com fuzis em punho, os policiais abriam e fechavam os portões, determinavam quem entrava e saia da refinaria e impediam que o sindicato pudesse conversar com os trabalhadores que ainda não haviam aderido à greve.
Um batalhão inteiro foi deslocado para reprimir os grevistas, o que foi motivo de festa para a criminalidade, que se viu livre para atuar na cidade sem se preocupar com a polícia. Em maio, a mesma PM já havia ameaçado quatro diretores e prendido covardemente o presidente do sindicato, o companheiro Simão Zanardi, durante manifestação contra o PL 4330, da terceirização.
Apesar disso, todo esse esforço coordenado entre gerentes da Petrobrás e Polícia Militar para intimidar a greve em Caxias foi em vão. Mesmo enfrentando a truculência policial, dezenas de trabalhadores continuaram realizando diariamente os piquetes na REDUC, TECAM e UTE-GLB e convencendo mais companheiros e companheiras de trabalho a entrarem no movimento.