A precarização das condições de trabalho na Petrobrás, com crescentes cortes de custos inclusive nas áreas de Inspeção e Manutenção de Equipamentos, certamente levará a acidentes operacionais e de processo cada vez mais graves.
Na REDUC, um exemplo ilustrativo dessa política é a recusa em substituir o acesso às válvulas, hoje realizado através de correntes, à moda Tarzan, ao invés de plataformas. Essa substituição promove uma intervenção mais rápida e segura, tanto para os trabalhadores quanto para as instalações, evitando acidentes operacionais (como já registrados) e minimizando os acidentes de processo, interrompendo a perda de contenção de forma mais eficaz e rápida, o que não ocorreu neste recente incêndio, em Duque de Caxias (RJ). Os custos dessas substituições são insignificantes para a indústria do petróleo, principalmente considerando que permitem a condição segura de trabalho.
O incêndio na REDUC no dia 15 de junho passado, na unidade de destilação U-1210, um grave acidente de processo, certamente é produto dessa política e poderia ter tido consequências muito mais graves para seus trabalhadores e a comunidade no entorno, que entrou em pânico.
A REDUC é uma das maiores refinarias do Brasil em capacidade instalada de refino, processando cerca de 239 mil barris por dia. No primeiro trimestre de 2020 a REDUC respondeu por 12% de todo o petróleo refinado no país, 20% do GLP, 13% do óleo combustível, 20% do QVA, e 22% da nafta, entre outros produtos.
O Grupo de Trabalho criado para investigar as causas do acidente conta com um representante dos trabalhadores através de seu sindicato, conquista garantida em nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e não há consenso no GT sobre o que causou o incêndio: se vazamento ou explosão.
A foto publicada na matéria do Jornal O Globo é reveladora e não deixa dúvidas, a tubulação rompeu, estourou, explodiu. Dito isto, o que se segue depois são consequências e o que se deve fazer com seriedade e responsabilidade é o óbvio: apontar as causas raízes da explosão, tomar as medidas corretivas e preventivas, realizar análise de abrangência em todas as refinarias para evitar ocorrências semelhantes. O resto é disputa de narrativa para minimizar a gravidade do acidente.
A integridade física e a vida dos trabalhadores e das comunidades onde nos inserimos devem estar acima das metas de produção e de redução de custos. O que nos interessa é barrar quaisquer acidentes, evitar o evitável. Estamos atentos.
[Via Rosangela Buzanelli]